quarta-feira, 27 de abril de 2011

Longe do mundo

Olá, amigos:
Depois de um longo tempo sem postar texto algum, hoje aqui em uma lan house da cidadezinha de Igaratá, de onde estou em um sítio próximo, vou rapidamente postar uma mensagem. Não prometo que será um hábito constante, pois onde estou, encontro-me distante de tudo e de todos, não tenho Internet, nem sequer televisão. Por força das circunstâncias vim parar aqui, nesse lugar tranquilo tendo como vizinhos bois, vacas e a natureza, da qual pareço dona, mas vamos lá que o tempo é curto e tenho que aproveitá-lo. Breve, incluirei neste texto algumas fotos do recanto onde me encontro.Perdoem-me os erros se ocorrerem, pois o tempo escasso não permite as correções de rotina.


Solidão





Aqui onde estou agora tudo é paz, rodeada pelas verdes montanhas cobertas por um céu límpido e azul.
De um lado, a elegância das grandes árvores, característica da Mata Atlântica, e de outro, a quietude verde e enfileirada dos eucaliptos mudos e indiferentes nesta hora que precede o anoitecer, verdadeiras colunas de sentinelas a guardarem  as montanhas.
No alto de uma delas, uma cena que é poesia: uma casinha bem distante e ao seu lado, uma árvore alta de duas copas, creio, ou talvez, duas delas de tamanhos diferentes, fato que não consigo precisar ao certo, dado à distância em que se encontram. Uma cena singular onde a sombra da árvore abraça a pequena morada, sua companheira inseparável, digna de ilustrar uma tela daqueles privilegiados que com sua percepção conseguem transmitir não apenas as suaves formas e cores, mas toda a emoção que a imagem provoca em uma alma solitária...
Ciprestes ladeiam a estradinha de saída do sítio, ali um coqueiro solitário, cujo farfalhar das folhas, ao mais leve toque do vento faz lembrar o rumor da chuva caindo, acolá, uma e outra árvore frutífera e o gado espalhado pelo campo a pastar e a se locomover lentamente, transmitindo uma paz que se funde com o profundo silêncio ao redor.
Breve será noite. As sombras noturnas  avizinham-se convidando bandos de pássaros para o refúgio dos ninhos e muitos deles passam em revoada de volta da luta diária pela sobrevivência. Muitos piam já aconchegados aos lares. São pombas do mato, Fogo-apagou, gaviões, garças, e até um casal de seriemas que pousam à beira do grande tanque do lugar para descansar.
Os últimos raios fracos de sol ainda teimam em iluminar a montanha onde a casinha e a árvore pousam para a última foto do dia captada pela objetiva dos meus olhos que se deleitam com a paisagem.
Como é bom esse silêncio profundo apenas quebrado pelo canto dos pássaros, ou pelo rumor da água da bica, ou até rarissimamente pelo barulho de motor distante de um carro que corta a estradinha mais além...
Por vezes, aviões cortam os ares com seu ronco, mas logo se despedem.
Que diferença da cidade grande onde o som ensurdecedor das máquinas ferem os ouvidos e a fumaça poluída embaça a pureza do céu! Onde não podemos acompanhar a rapidez dos movimentos que nos rodeiam, assim como os milhares de reflexos que o cérebro agita-se  ao captar enquanto que aqui a lentidão natural dos animais e da natureza marcam sua presença relaxante...
A saudade da cidade às vezes bate forte, a ausência do convívio daqueles que nos são caros machuca, porém o espírito em paz nesse local sagrado nos faz compreender os mistérios da vida e seus desencontros tão naturais em uma existência...
O sol distante agora brinca de colorir algumas nuvens tingindo-as de rosa e amarelo.
Enquanto a escuridão não chega e as estrelas ainda não cintilam no céu, acompanho nesta paisagem bucólica a movimentação do crepúsculo.