quarta-feira, 29 de maio de 2013

Critica-se muito o regime militar e o período ditatorial por ele imposto. Alegações e referências a uma ausência de liberdade de expressão e de filosofia de vida são constantes, bem como a questão da censura no setor midiático e das artes de uma maneira geral, são registradas e consideradas como fatores de atraso, retrocesso para o desenvolvimento do país e de seu povo reprimido constantemente, até a morte e ao extermínio com o objetivo de “queima de arquivo”.




"DEMOCRACIA OU DEMOCRADURA"?





Extenso foi o período de repressão para o povo brasileiro, que foi impulsionado pela crise política do governo de João Goulart em 1961 estendendo-se ao final do seu conturbado mandato, que considerado de extrema esquerda, ganhou a antipatia de todos os setores da sociedade principalmente da Igreja Católica. Esses fatores aliados ao momento internacional da Guerra Fria, onde havia o temor de que o país se aliasse à União Soviética, levaram ao fim o governo do chamado “Jango” que temendo uma guerra civil refugiou-se no Uruguai enquanto que a nação se via tomada pelos militares que, de início, como forma de segurança instituem o AI-1, que cassava mandatos políticos e revogava a estabilidade do funcionalismo público.
E daí para frente, uma série de medidas coercitivas conduziram o Brasil durante vinte e um anos; 05 mandatos presidenciais que terminaram com o retorno da democracia em 1985 e eleição direta que colocou brevemente no poder Tancredo Neves.
É do conhecimento de todos, que durante o regime ditatorial a liberdade de expressão e ação foi contida energicamente, as notícias de jornal de cunho político eram substituídas por receitas culinárias.
Toda essa divagação é na verdade para elucidar e questionar a nossa situação hoje em plena “democracia” cuja ideologia nos remete a uma liberdade, que deveria se estender a todo o cidadão brasileiro.
De origem grega a palavra composta pelos vocábulos demos (povo) e cratus (poder) pode ser direta (se exercida pelo povo através de protestos e manifestações) e indireta (quando a vontade do povo é feita através de seus representantes parlamentares).
Não tenho sentido e acredito que muitos dos cidadãos desse país, essa liberdade de que tantos falam; ela apenas existe em programas de TV onde o que se apresenta são libertinagem e indução ao sexo, antes da idade, diga-se de passagem. Em defesa do regime democrático que não admite censura, cenas impróprias para crianças e adolescentes são exibidas sem controle algum, seja de horário ou  idade, mostrando àqueles que não têm o amadurecimento físico e psicológico para entender o que ali se expõe, relacionamentos entre casais que acabam por chocar os inocentes acarretando-lhes traumas e psicopatias no futuro.
O controle que seria tão comum quanto andar para frente, jamais se caracterizaria como censura,  a devida regulação de horários e programas com a bem-vinda adequação da idade é uma questão de bom-senso que não conseguimos depreender da mídia massiva onde a luxúria ocupa o maior posto no ranking de Ibope.
Quanto à qualidade dos programas, se antes eram ruins, decaiu a zero com a democracia. Ridículos e praticamente repetitivos, exibem bordões cansativos e sem valor algum, da mesma forma na arte das novelas que mais comerciais do que culturais desenvolvem temas medíocres e pouco relevantes para a humanidade, resumindo-se em cenas de sexo, antagonismo entre classes sociais e inverossimilhança a toda prova.
Ainda no aspecto da violência, a exibição de filmes altamente sangrentos que apresentam assassinos frios, psicopatas e estupradores é mais que incentivo e indução a crimes e roubos. Quando analisamos a questão, vem a pergunta: se isso é livre expressão, liberdade, qual a vantagem para a população ao assistir a programas como esse? É mesmo tão boa essa democracia que dizem estarmos vivendo?
O que se pode dizer sobre a excessiva liberdade feminina então? Em nome da democracia, mulheres atualmente, não têm mais obrigação nos seus lares, vestem ternos e tornam-se executivas, disputando postos com homens, colecionando relações extraconjugais esquecendo-se de que são mães ou esposas, entregando a criação e educação dos filhos a terceiros e sem tempo para preparar uma simples refeição a sua família, entupindo-a de produtos industrializados, pouco saudáveis para não precisar se cansar em frente a um fogão, preferindo a satisfação dos programas indutivos de mídia que as levam a shoppings atrás de quinquilharias e artigos de grife que muitas vezes nem têm condição de obter. E os pobres maridos então, já não têm o direito de saborear a sua comidinha caseira tendo que se contentar à cata de migalhas e a número reduzido de refeições.  
A democracia que tantos almejaram construiu um mundo assim; as diferentes opções sexuais proliferaram e foram levadas a público, porém sem a seriedade necessária, nesse caso, levou ao achincalhe desestruturando ambientes que precisavam de atitudes maduras; o que jamais pode ser criticado sob pena de se responder a processos e até correr o risco de prisão. Da mesma forma, foi tratada a questão do racismo que na verdade, é imposição na postura de um cidadão gerando discórdia e o verdadeiro preconceito que antes não existia de forma tão severa e dissimulada como hoje onde todas as palavras que saem de nossa boca têm que ser policiadas, medidas e preparadas com uma grande dose de hipocrisia se quisermos viver sem represálias.Sendo que não se impõe respeito, ele é adquirido ao longo dos anos pelos próprios interessados.
Sim, temos liberdade em alta escala. Os jornais não publicam mais receitas culinárias, porém listas infinitas de crimes hediondos, latrocínios, violência contra mulheres e crianças, verdadeiras guerras civis entre brancos e negros, entre hetero e homossexuais que não se identificam mais como seres humanos que devem se unir e conviver sadiamente para salvar este planeta que agoniza.
Ao que parece surgiram com as ideias de liberdade, rotulações de grupos minoritários que vem sendo instigados, induzidos a um antagonismo contra os outros cidadãos.E não há nada mais horrível do que esse movimento separatista entre pessoas que na verdade vieram todas do mesmo lugar e são feitas da mesma matéria.
Como podemos estar em uma democracia num país onde não podemos publicar um artigo de jornal que fuja do gosto comum, que expresse opinião individual ou até mesmo que vá de encontro ao regime político vigente?
Não se podem admitir em tal sistema democrático mídias em poder de partidos políticos que só aceitam a sua ideologia, não servindo como veículo de utilidade pública ou de comunicação que sejam transparentes, e que realmente relatem a veracidade dos fatos que acontecem no país e no mundo.
E o que ocorre na literatura e nas artes de uma maneira geral com a democracia? Inseriram-se totalmente num capitalismo cultural, onde o que conta é realmente o dinheiro e o poder. Desse modo, não temos mais literatura brasileira num mercado onde não se fala mais do nosso país, e todos conhecem mais a cultura e costumes de países de primeiro mundo do que os da sua própria nação. Procurem em uma livraria por autores nacionais e terão a tristeza de vê-los no fundo da loja sob os últimos volumes, com raríssimas exceções de alguns escritores ditos nacionais, mas que nem mais aqui vivem e nem expõem nossa cultura ou nossos problemas.
Infelizmente, constatamos que vivemos uma falsa democracia. Onde realmente não existem diversidades para escolha e sim a padronização de temas e costumes constatando lamentavelmente que não temos liberdade alguma, nem mesmo de escolher o que gostaríamos de assistir em um simples programa de televisão...
Se o regime militar foi terrível pela repressão, a situação atual não foge muito, num tempo em que precisamos simular um discurso antes de proferi-lo...