quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Meu Deus, como é triste ver vídeos e fotos destes conflitos entre Turquia e Síria, perceber o terror estampados nos semblantes infantis causados pela insensibilidade de alguns poderosos, principalmente quando já sentimos de perto a presença do Natal...

 

 Resultado de imagem para imagens de crianças chorando na guerra da síria e turquia

 Riqueza de uns, tristezas de outros...

 

 Estive pensando muito a respeito da violência que tem assolado o mundo nestes últimos tempos. É incrível verificar como o homem tem regredido e se transformado numa besta irracional e terrivelmente cruel, a despeito de tanta “religiosidade” que diz ter e que invade seu coração de pedra.

Várias imagens e vídeos têm sido postados na internet estampando a covardia a toda a prova que vem efetuando uma verdadeira chacina no Oriente, principalmente no conflito que envolve Turquia e Síria.

Ao que parece, o fanatismo religioso e a avidez por aquisição de riquezas têm sido responsáveis pela maioria das guerras que exterminam vários países ao redor do mundo. Nações inescrupulosas, que colocam a ambição e sede de poder em primeiro plano, estão manipulando grupos e instigando uns contra os outros, propositalmente com o objetivo sórdido de apoderar-se econômica e politicamente destas regiões. Sem o mínimo sentimento de compaixão ou consideração pelo ser humano, o que mais importa a estes celerados é acumular riquezas infinitamente, coisa insana e pequena que os transforma em seres vis, mesquinhos, tremendamente poderosos, mas que usam a tecnologia de maneira avessa ao bem comum e a paz entre os cidadãos.

Causa nojo verificar nas imagens estampadas nos jornais e revistas a maldade causada pelas explosões de mísseis, bombas e outras pragas criadas com a intenção de fazer um verdadeiro genocídio, muito maior do que o da segunda guerra mundial: crianças correndo pelas ruas, desesperadas e feridas à procura de seus pais, muitas vezes não os encontrando jamais; são rostos infantis marcados pelo amadurecimento precoce à custa do sofrimento que passam neste verdadeiro inferno que os conflitos armados causam à população, onde cidades inteiras são destruídas, desoladas, transformadas em  verdadeiros desertos, amontoados de pedras e pó, sangue e morte por todo o canto. Imagina-se o trauma que estes pobres seres carregarão pelo resto de sua existência por perderem sua família inteira, passando toda a sorte de dificuldade, falta d’água, alimento, lar, carinho...

De toda esta maldita conjuntura que mais parece um sonho sinistro, surgem os loucos matadores, facilmente manipuláveis,  que oferecem a própria vida, para efetuar a vingança, na figura de homens-bomba, terroristas e toda a sorte de pessoas possuídas pelo ódio infinito, a ira contra seu próprio par com o qual não se identifica mais...

Dessa forma, o objetivo que move os povos maltratados é o desamor, a descrença no ser humano e a vontade infinita de revidar, matando, exterminando da mesma forma com que foram exterminados e são tachados de loucos, cruéis, terroristas...

É preciso se colocar no lugar desses pobres desgraçados para poder entendê-los; sem sair de suas terras, veem-se, de repente, sem teto, sem alimento, sem família, sem condições de levar em frente sua própria vida...

Quando líderes como o embaixador russo são assassinados brutalmente, o mundo se choca, muitas vezes, se revolta contra tal atitude, porém, é necessário entender o outro lado da moeda, o que impulsiona estas atitudes violentas, a falta de respeito e de ética que vem predominando no comportamento humano.

Certamente, ninguém pode ser capaz de ficar insensível a tanta maldade e destruição que fabrica diariamente milhões de refugiados, doentes e mutilados, morte de inocentes,  órfãos, psicopatas.

Roguemos a Deus, em sua bondade infinita, que possa interferir nessa disputa desigual e desonesta, fazendo com que uma luz desça do céu e clareie estas mentes inescrupulosas e ávidas por dinheiro, fazendo-as retroceder e entendendo  que a maior riqueza é a paz de espírito e o amor entre os homens.



sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Caros leitores, deixo aqui mais um texto, já sentindo cheiro de doces e guloseimas do fim do ano, espero que gostem...



Prosseguir sempre, desistir, nunca...


Sempre sou pega de surpresa pela aproximação do Natal, a cada ano de uma maneira diferente; por decorações de árvores ou imensos Papais-Noéis, pelas luzes de ornamentação das ruas e por várias outras formas.
 Este ano foi diferente; mergulhada no trabalho da educação, seja em correção de atividades ou apresentação de projetos, não me dei por esta data já tão próxima. Numa de minhas idas à Rua 25 de março no intuito de adquirir materiais para elaboração de um teatro na escola, fui subitamente “avisada” pela imensa quantidade de árvores natalinas e luminárias que lotavam a entrada das lojas em lugar de destaque: verdes, brancas simulando a neve, de vários tamanhos e tipos.
Novamente, uma sensação de que as coisas se esvaem e escorregam de minhas mãos como areia fina, preenche de imediato a minha alma. Breve, tudo mudará: local de trabalho, relacionamentos, colegas da profissão, alunos e locais que hoje são visitados diariamente... O barulho intermitente logo será substituído pelo silêncio e a expectativa do próximo ano.
Saudades já começam a pintar suas cores variadas; vibrantes, quentes, frias...
O que fica é o trabalho realizado com amor e dedicação que produzirá seus frutos no futuro através da lembrança que deixarão em cada bom coração, em cada boa alma que, felizmente, considera, e o mais importante: não esquece.
As amizades sinceras, construídas, sobreviverão através do tempo e dos anos e resistirão às tempestades da vida. Peço a Deus que me conserve sempre com disposição para trabalhar com amor e vigor enquanto puder, para construir um mundo melhor, para despertar em cada ser que tenho a meu lado, a sensibilidade tão pouco valorizada nos dias atuais.
Mas, como já dizia o nosso maravilhoso Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, é preciso continuar, prosseguir na tarefa de semear e trabalhar valores preciosos para a vida no nosso planeta...

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Hoje, dia de recordações mil, de doces lembranças e visitas a cemitérios...Mais uma vez recorro à frase do maravilhoso Olavo Bilac: "Saudade, presença de ausentes"






Oração improvisada




 Procurei pela pequena Bíblia de bolso que sempre me acompanha pela ocasião de finados, mas hoje não a encontrei, deste modo, trago apenas em minhas mãos; as velas e belos crisântemos amarelos. O vento sopra muito forte, o que me dificulta acendê-las, quanto mais conservá-las assim. Com muito esforço consigo meu intento colocando duas pequenas pedras de granito a protegê-las e, eis que, vejo todo o maço incandescente e, rapidamente, um choro perolado de parafina escorre pelo chão seco.
Ajeito as flores sobre a lápide, tentando preservá-las da força do vento e inicio minha oração:
"Querido pai, que não está mais entre nós, no entanto, nunca esteve tão presente como hoje e sempre em minha vida. Sabe, apesar de não ler aqui uma das passagens ou salmos bíblicos dos quais você sempre adorou e persistiu na leitura até o fim de seus dias, trago hoje minhas próprias palavras em forma de oração...
Sigo minha vida, não sei se pode ter conhecimento de todas as dificuldades, veredas e caminhos tortuosos que vou contornando. Também, dia a dia, vou aos poucos transpondo os obstáculos, dando o melhor de mim, não esmorecendo ou abandonando minha missão no meio do caminho...Tenho tentado ajudar aqueles que de mim dependem com humildade, dignidade e compromisso. Quero que saiba que todas estas lições que aprendi foram ensinadas por ti, ao longo da nossa convivência. 
Os filhos já estão criados e cada qual segue seu caminho. Rogo a Deus que o tenha em sua glória e sabedoria, para que jamais sofras ou passe por alguma tristeza. Acrescento que nada sei sobre os mistérios da vida, mas do fundo do meu âmago, sinto a sua presença, mesmo que em outra dimensão.A paz que reina nesse campo sagrado mostra-se através do canto suave dos pássaros, do balanço das folhas ao vento, do ruído cadenciado dos números dos túmulos que soam como uma triste canção.Se fosse possível, gostaria de revê-lo, nem que fosse por alguns segundos, ou até mesmo em meus sonhos que raramente trazem sua presença.
Gostaria muito de agradecer como sempre faço nesse dia, pela sua dedicação, sacrifício e bondade a toda prova.Assim, venho aqui rezar as orações que aprendi na infância e mostrar para ti que aprendi a lição da solidariedade que me ensinaste: dedicar pelo menos uma delas a todas as almas indefinidamente, como fazias quando visitavas os cemitérios nesses dias de reflexão e homenagens póstumas.Para terminar, vou te contar que aqui em nossa casa sua ausência é muito sentida, seguimos nosso caminho sem grandes mudanças, pretensões ou ambições, da minha parte, tento sempre que possível ser melhor, aprender com meus erros a cada dia que ganho nesse planeta maravilhoso que temos por casa. Não quero me deixar levar ou acreditar na morte como o fez o personagem Eurico, de Herculano ao definir o que é a morte, a indiferença que os mortos sofrem, o egoísmo humano que  é muito cruel. Prefiro acreditar na benevolência, na gratidão e no reconhecimento...
 Tenho agora que partir, os pingos de chuva fina que começam a cair, anunciam que devo me retirar...
Descanse em paz!"

quinta-feira, 20 de outubro de 2016


a chuva, hoje, trouxe à memória um episódio ocorrido na minha infância...




O rei das capas







De saída daquele inferno que é a Rua 25 de março, apesar da vantagem de ser um local que oferece preços mais acessíveis ao consumidor, (principalmente se for professor de escola pública como eu e que adora criar fantasias para peças teatrais), meus olhos se detiveram por um momento através da grande janela do ônibus num letreiro de loja que dizia “O rei das Capas”.
Rapidamente penetrei o olhar para o interior do estabelecimento para tomar ciência sobre que capas eram essas. Há muitas delas: para celular, computador, para máquinas de lavar roupas... Certifiquei-me que eram capas de chuva e havia de várias cores, embaladas em saquinhos que tomavam conta de todo o ambiente.
Imediatamente vieram-me à cabeça, cenas da minha infância envolvendo esta questão. 
Vínhamos com relativa frequência a São Paulo, embora não morasse nesta cidade como hoje, e o motivo não era apenas visitas a parentes, porém, tratamento médico, coisa não muito agradável.
Naquela época, a capital fazia jus a sua alcunha de “Terra da Garoa”, pois uma aguinha fina e fria se fazia presente a todo tempo, a chamada “chuva para molhar trouxa” e andando pela cidade, meu pai entrara em uma loja destas, não me recordo aonde, (vai muito longe este tempo) e adquirira uma, argumentando que não podia me molhar daquela forma, precisava de uma proteção.
O que não me esqueci e nunca esquecerei é de que esta capa era de um azul bastante forte e era aberta na frente trazendo botões transparentes.
Amei aquele presente! Como me senti importante usando-a e quando chovia, já na cidade de Araçatuba onde morava, fazia questão de exibi-la com orgulho como se fosse a peça mais maravilhosa do planeta.
É linda a ilusão infantil! Como nos envolve de uma magia que transforma as coisas mais simples em verdadeiros tesouros!
E foi ele, meu amado pai quem me presenteara com este mimo, sabe-se lá fazendo que sacrifício para que eu me protegesse... Naquela época não era fácil comprar como hoje, não havia tanta oferta de produtos como os “made in China” que apesar de malvistos, resolvem os problemas dos menos favorecidos.
O que observo hoje, com os olhos de adulto é a textura das mercadorias oferecidas antes, ao consumidor: de excelente qualidade e talhe bem feito! Uma simples capa de chuva conseguia ser bonita e elegante, tão durável que me acompanhara em boa parte da minha infância,  ao contrário dos dias atuais, em que elas mais se assemelham a um grande saco plástico feito sem cuidado algum, sem botão, sem nada,  produzidas  aos milhões e que duram uma fração de segundo...
Remoendo essas memórias que o tempo não conseguiu apagar, sinto saudades daqueles tempos, onde a família tinha seu verdadeiro valor, os sentimentos eram sinceros e duradouros como a capa de chuva que ganhei. Se possível fosse, resgataria todos aqueles tesouros,  traria de volta tudo o que já perdi com o passar dos anos...

sábado, 24 de setembro de 2016


Boa-noite a todos aqueles que apreciam 


conhecer fatos históricos e investigá-los como
 


eu. Bem-vindos ao país 


da Carochinha...








História virou estória...








Não há coisa que mais incomode do que as constantes reformas ortográficas periódicas, principalmente para aqueles que já viveram o bastante para mudar o que haviam aprendido.
Creio que muitos da minha geração compreendem o que quero dizer: tantos anos gastos em memorizar regras ortográficas, de acentuação, como o saudoso acento grave nas palavras derivadas como cafèzinho, pèzinho, por exemplo. Quem não se recorda? 
Que dizer dos abundantes acentos diferenciais, então? Parece que toda a palavra tinha acento para diferenciar de outra, tantos eram os casos em que ocorriam: pêso para diferenciar de peso (é aberto); bôlo para diferenciar de bolo (com ó aberto), côro para diferir de coro (verbo corar, cujo o é pronunciado aberto)... E outros tantos milhares de casos.
Vocês podem até achar engraçado, mas não há graça alguma em varar noites estudando para uma prova séria de português com todos estes casos e subitamente constatar que todo aquele esforço foi por água abaixo anos mais tarde.
O pior foi em relação aos pares de palavras história e estória. Ai daquele que usasse os termos indefinidamente! Ficava claro que o primeiro termo seria apenas uma menção a relato real, que realmente ocorrera, enquanto que a segunda opção seria para denominar relato de ficção, da imaginação de alguém.
Muito bonito, mas não se sabe por que cargas d’água que repentinamente grafar história com h é a única forma correta. Talvez por questões xenofóbicas ou políticas pela razão de os americanos possuírem history e story. Valha-me Deus! Isso não vem ao caso, o duro é verificar que todo o sacrifício foi em vão.
Falando seriamente, e considerando os significados que as antigas grafias encerravam, mudo de “pato pra ganso” colocando nestas páginas a indignação que invade meu ser ao ver as diferentes versões que vêm nestes tempos sendo imputadas aos fatos históricos do Brasil.
Quem não leu a magnífica obra de Orwell "1984", onde ele cita as mudanças que o Big Brother fazia efetuar nos fatos históricos, adaptando-os a sua necessidade política, manipulando seus funcionários?
Parece que tal fato está ocorrendo na contemporaneidade... Para certificar-se disto, basta apenas estar na faixa dos sessenta anos. Tudo o que estudamos em História do Brasil em nossa jornada escolar foi rigorosamente mudado: o descobrimento do nosso país, não se deu por calmaria como os historiadores afirmavam, ele já havia há muito tempo sido descoberto, foram arranjos políticos que o cederam a Portugal; D. João VI, o nobre português  criador do primeiro Banco do Brasil, da Imprensa Régia, teatros, bibliotecas e tantas coisitas mais, atualmente é mostrado como débil mental, um insano vulgar...
O mesmo se dá em relação a Pedro I, seu filho,  compositor erudito de mão cheia, autor do maravilhoso hino da Independência, que de súbito assemelha-se a inveterado pervertido sexual, fraco das ideias, incompetente...
Aprendi na escola primária (cujos ensinamentos hoje equivalem ao ensino médio atual) que na primeira frase do Hino Nacional: Ouviram do Ipiranga às margens plácidas (o termo em itálico era um adjunto adverbial de lugar) o que tornava o sujeito da frase indeterminado, e deixava implícita a ideia de que havia pessoas participando do ato. Atualmente, maravilhosos professores que têm resposta pronta pra tudo, nem fazem referência a este acento grave do a e o termo virou sujeito personificando a figura do rio Ipiranga, "as margens plácidas" vira sujeito da oração... 
Isso soa como conspiração contra os lusos, significando que não havia espectadores no local... Apenas o rio ouviu, não houve revolução alguma. Já tive ímpetos de visitar a Biblioteca Nacional do Rio para constatar se há o documento original da letra de Osório Duque Estrada, mas desisti, achei que não vale a pena. Mas as novas versões continuam pipocando em todas as fontes modernas.
E o que dizer de Tiradentes? Nada do que se aprendeu nas antigas gerações é verdadeiro: o mártir da independência não nasceu mais em Vila Rica, São João Del Rei ou Rio de Janeiro... Há uma infinidade de informações que se contradizem (e olhem que não faz tanto tempo assim). Segundo novas e modernas fontes, nasceu  em Tiradentes, cidade turística que atrai milhares de pessoas ofuscando a pureza e simplicidade de Ouro Preto, Vila Rica, ou São João Del Rei, como preferirem...
Contrariando documentos históricos guardados através dos anos no Museu da Inconfidência, como a sentença de morte de Tiradentes lavrada em juízo e assinada pela rainha, D. Maria I, as partes do corpo do herói foram penduradas no caminho do Rio de Janeiro à Minas Gerais e  não na praça Tiradentes ou nos postes de Vila Rica como antes se ensinava e o documento registra.
E, ainda, para pasmar geral, alguns afirmam que ele não foi enforcado, contrataram um artista para representar o fato, sem contar que há filmes de diretores brasileiros mais ousados que mostram Tiradentes como um verdadeiro louco que não apresentava condições para liderar um movimento como  a Inconfidência.  Da mesma forma, o tal cineasta oferece a imagem de um Tomás Antonio Gonzaga irreverente e ridículo que grotescamente grita seus versos a Marília mais preocupado em sua vaidade e narcisismo do que em seu amor.
De modo que fica ao critério e ao ponto de vista do estudioso; se ele for mais "vivido" há como contestar; se for jovem, aprenderá o que se lhe apresenta no momento. Vive-se assim um momento perigoso e muito fraudulento contra a sociedade.
E para os pouco céticos, (os pouco questionadores ou crédulos), que acreditam em tudo o que leem nestes tempos modernos, registro aqui meu pensamento que deve ser respeitado, afinal, estamos num momento democrático ou não?
Com toda esta profusão de contradições, chego a uma conclusão e, peço aos professores de história que me perdoem, não há mais necessidade de que esta disciplina faça parte do currículo escolar, não é justo exigir que se aprendam “estórias” e em nome delas se reprove alguém. Não existe mais história. Tenho dito!




domingo, 11 de setembro de 2016



Nem todas as cidades têm o poder de calar fundo como esta...



SAUDADES DE OURO PRETO







Quando o automóvel saiu pela última rua da cidade para ganhar o caminho de volta, eu chorei...
Confesso, chorei, após passar três dias maravilhosos em Ouro Preto, Minas Gerais, em minhas últimas férias de julho. O olhar embaçado pelas lágrimas e meus olhos fotografaram a última igreja próxima ao centro, com sua alvenaria coberta de musgos e seus portais vetustos...
Ouro Preto é pura história do nosso país, com mais de 300 anos, guarda em seu seio momentos fortes, de audácia, heroísmo e morte. Em seus museus, compartilhamos com emoção cada fato ocorrido durante a Inconfidência Mineira, voltamos ao passado, visualizando objetos do valoroso mártir da independência, cruelmente enforcado e, na praça que hoje tem seu nome, um monumento para que o valoroso brasileiro jamais seja esquecido...
Ver o simples relógio de bolso que a ele pertenceu, causa arrepio e uma sensação um tanto desconfortável, dado às circunstâncias e a violência a ele imputadas. A folha manuscrita da sentença de morte, então, é algo assustador na frieza das palavras insensivelmente ali grafadas: “Que seja enforcado, sua cabeça separada dos membros e expostas pelos postes de Vila Rica, e que seus bens sejam confiscados, sua casa arada e salgada”, soa pretensiosamente cruel no momento presente...
A carga emocional que vai se ganhando a cada rua de Ouro Preto, é surpreendente: a cada igreja, um cantinho tão antigo, tão próprio da época; a decoração, os retábulos, altares e imagens que apesar de não poderem ser tocadas, refletem o sacrifício do mestre Aleijadinho, em seu trabalho sofrido e valoroso de perfeição e  beleza sem iguais...
Pinturas de mestre Athayde, a feirinha de pedra-sabão, as ladeiras de pedra conservadas até hoje...
A casa de Tomás Antônio Gonzaga! Que beleza na simplicidade! Nada mais do que o necessário, da pureza da madeira dos móveis, à amplitude das salas e espaços confortáveis, tão diversos dos exíguos apartamentos da cidade grande... A solidez das paredes e os singelos versos de amor nela impressos de Dirceu ao grande e eterno amor, Marília. Algo comovente que toca o fundo do coração daqueles que ainda usam sua sensibilidade e a praticam.
As fontes de pedra-sabão espalhadas pelas ruas... O museu de mineralogia, o observatório antigo que mostra uma lua quase tocável, amiga que expande seus raios por sobre a cidade à noite...
As pousadas simples, mas aconchegantes que guardam séculos de história em suas paredes... E muitas coisas mais, fazem com que essa cidade e toda sua arquitetura colonial entrem em nosso espírito e ali fiquem guardadas para sempre, exigindo a nossa volta obrigatória algum dia, não se sabe quando...
Amei Ouro Preto, assim como amo sua música, Saudades de Ouro Preto, porque,  tal como falam, há ali,  uma profusão de fluídos que nos faz viajar no tempo, maculados apenas pela entrada de automóveis atualmente, nas ruas.
Visitar essa cidade é uma obrigação para nós, brasileiros, no sentido de valorizar nosso passado histórico, conhecer mais sobre ele, e sobre as pessoas que por ali passaram e deixaram como contribuição para a construção do país, a sua própria vida.
* Tiradentes não foi enforcado em Ouro Preto, segundo algumas fontes, mas no Rio de Janeiro. Outros ainda alegam que ele não tenha sido enforcado, que houve outro em seu lugar. Muitas fontes afirmam que ele foi morto na Praça Tiradentes em Ouro Preto...

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Caro leitor, chega um momento de doçura para quebrar a aspereza dos artigos de opinião que tenho postado. A magia da lua nos faz esquecer, por um momento, de todos os problemas...



CLAIR DE LUNE


Maria Cristina Bastos Vannucchi


O claro da lua invade a sala, aos poucos.
Raios branco-neve de efeito translúcido
Descem do céu, livremente, sem barreiras
E vão, pouco a pouco, destruindo a penumbra...

A solidão se faz presente, o silêncio reina
A imobilidade das coisas ganha nova vida
Através da cascata de luz que as ilumina

Que paz, pode a lua ofertar por um momento,
Que doces instantes dá o poder de reviver.
E de povoar com lembranças, o vazio da casa...
A cada canto, em qualquer lugar.

Agora brinca de esconde-esconde
Por entre nuvens de renda
Que, de vez em quando, permitem-me visualizar seu belo contorno
Até que aprisionem de vez sua transparência
Trazendo de volta a escuridão...

Mesmo assim, meus olhos ainda teimam
Encontrá-la no céu, em vão.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Caro leitor, volto a este espaço do qual fiquei distante durante as férias e, apesar da homenagem prestada ao dia dos pais no texto anterior, postado a menos de uma semana, venho através deste, protestar contra a falta de elegância do povo brasileiro durante uma festa máxima, como os tradicionais Jogos Olímpicos.



Olímpiadas, à mostra, a grosseria do brasileiro










Nasci neste país maravilhoso de belezas naturais, de extensão magnífica, características que causam inveja a qualquer povo, porém, em questão de material humano, infelizmente, sinto-me uma estranha no ninho, assim como muitos outros compatriotas,  que não têm a oportunidade de  expor suas opiniões, como o faço neste blog.
Tremendamente desrespeitosa a  atitude dos brasileiros em eventos públicos, o que gera um desconforto sem igual, pela inconveniência e falta de educação, para falar claramente.
A vaia sempre foi uma atitude ridícula e covarde de alguém sem capacidade que se junta a uma maioria para conseguir objetivos os quais não tem a capacidade de alcançar. Vimos este exemplo deplorável de mau gosto e falta de finesse no comportamento de pessoas de classe média alta, uma vez que pessoas menos favorecidas economicamente não conseguem obter ingressos para eventos do porte de uma Olimpíada, dado ao alto preço que lhe são imputados.
A vaia é  sinônimo de agressão física, pois a dor que causa talvez seja a pior, uma vez que suas cicatrizes psicológicas deixam sequelas permanentes àqueles que sofrem com esse ato.
Talvez muitos discordem, entretanto, essa atitude nasce na mais tenra idade escolar, onde pequenos monstrinhos são criados e vão se desenvolvendo ao longo de sua jornada acadêmica. Primeiramente, há a conivência de pedagorréias de amor, que nada mais são que ausência de educação, ineficiência em estabelecer limites, desconhecimento total das regras de convivência social, onde toda a agressão é justificada com desculpas esfarrapadas como a desigualdade social e econômica, problemas familiares e o preconceito,  quando deveriam afirmar que a crise existencial presente em atitudes agressivas e desumanas vem de uma formação ineficiente, que não valoriza o material humano de qualidade,  preocupando-se apenas em apoiar o inútil, a preguiça, a irreverência louvando-as com promoções e prêmios desmerecidos, mostrando que a impunidade se inicia dentro das próprias casas de ensino, que reforçam  comportamentos ridículos e descorteses, para não dizer desumanos. Se alguém furta, é porque é pobre, se não respeita o professor em sala de aula é pelo motivo de uma aula pouco motivadora, se agride é porque foi agredido, se fala o tempo todo e não sabe ouvir, é pela razão de precisar ser notado... Tudo isso apoiado pelas ciências sociais e  legalmente, não possibilitando qualquer tipo de punição a pouca vergonha. E nem precisamos ser educadores para saber que o ser humano é inteligente e faz transferência de aprendizagens, assim...
  Dessa forma, vamos oferecendo à sociedade, esses seres deformados e incapazes de zelar pelo bem comum e de viver sadiamente em grupo. São  indivíduos que matam o trabalhador e ao estudioso, livremente, pois a reincidência do crime nos mostra que, na maioria das vezes, os infratores são ex-presidiários ou elementos que já tiveram passagem pela polícia e que estão impunes,  em liberdade.
Voltando à questão da vaia, acredito que qualquer ser que tenha um mínimo de educação de base, não pode ser capaz de concordar com essa atitude infantil e desconfortante: ao realizar esse ato contra um presidente do próprio país, estamos estampando a desobediência à autoridade, ensinando a nossos filhos que também podemos ser desrespeitados, além de cuspirmos no próprio prato em que comemos... Discordar, manifestar contrariedade em situações apropriadas é algo admissível, que deve ser feito com seriedade, porém nessas ocasiões... É como se déssemos uma festa e começássemos a aviltar o dono da casa que a promoveu. É muito bonito louvar-se o anarquismo na teoria, é preciso que o caos que ele gera aconteça, para que se possa visualizar e sentir na própria pele os males que causa.
O que dizer então diante de eventos como uma Olimpíada, quando o atleta carece de concentração, silêncio para tentar mostrar a realização de exercícios e práticas cujo treinamento leva anos seguidos para que se torne possível.
As vaias ao atleta francês ilustraram uma falta de caráter sem igual, gerou sua indignação que o levou a comparar os brasileiros aos nazistas em um evento do mesmo tipo ocorrido na Alemanha daquele período.
E qual não foi a surpresa quando verificou-se que o prejudicado teve que pedir desculpas em entrevista pública ao Comitê Olímpico que denominou a comparação como infeliz e exagerada? Que tremenda inversão de valores é esta? Estamos ou não em uma democracia? Acredito que não, pois um regime que controla até as palavras que saem da boca do cidadão, não pode assim ser considerado. Onde está a tão famigerada liberdade de expressão? E olhe que não estamos no tempo do “Brasil, ame-o ou deixe-o”....
Certamente, os mais corajosos, deixam esse país, e se expatriam, arriscando a sorte e sendo infelizes o resto de suas vidas pela distância da terra natal, enquanto que os menos bravos convivem com esse mal, carregando sua insatisfação de subviver entre a deselegância , a violência e a falta de caráter.
Que lástima!

  

domingo, 14 de agosto de 2016

Em meio a tanta euforia, entusiasmo pelos jogos olímpicos estampados por todo canto na mídia, um dia como esse, tão importante, ofusca-se perante os eventos e deixa de ser valorizado como deveria...

Impossível esquecer




Inúmeros poetas homenagearam seus progenitores em suas obras. Muitas comparações foram feitas ao amor de pai, porém, certamente, nunca serão precisas em descrever com fidelidade o que isso significa. Muitos ainda desconhecem realmente o papel daquele que gera um filho e entendem que o simples fato de procriar já seja o suficiente. 
Gerar um ser humano é muito fácil, entretanto, formá-lo para a vida, dar-lhe o sustento necessário, o amor, e toda a orientação de que necessita não é missão corriqueira e, antes de tudo, implica dedicação, renúncia, esforço e abnegação. E quando me refiro a sustento, não quero significar apenas o alimento do corpo, mas, sobretudo, o pão da alma...
Saber ser pai, talvez seja uma tarefa tão sublime, que equivalha à maternidade, altamente significante no futuro dos filhos; por essa razão, torna-se extremamente incompreensível, a separação de casais que precocemente afasta de maneira abrupta, os pais  do convívio diário de seus filhos, causando danos irreversíveis a seu desenvolvimento.
Tive um exemplo de pai maravilhoso em minha trajetória de vida; sinônimo de altruísmo, dedicação e excelência de formação, rara de se presenciar nos dias atuais: educando sem aspereza ou repreensão, instruindo sem obrigar, formando sem humilhação ou prepotência.
Sim, hoje posso avaliar o que perdi, quando meu pai se foi: ele era tudo para mim, um espelho límpido que refletia a simplicidade da vida, a humildade e retidão de caráter, a busca do conhecimento e transmissão da pureza e da sinceridade. Uma pena que todas as pessoas valiosas como ele o foi, não sejam valorizadas ou homenageadas como se deva, verificamos tristemente que os modelos considerados e constantemente elevados à categoria de estrela, realmente não merecem, nem mesmo, a denominação de planeta; pela luz que não transmitem, pelo exemplo educador que não possuem, pelos valores que não têm...
E num dia como este de hoje, mesmo após tanto tempo de ausência e apesar de tanto chamamento  dos programas de televisão, sinto que sua presença é mais forte do que aquele fogo vivo a que o maravilhoso Mário Quintana se referiu em seus  versos ao homenagear seu próprio pai:
“E é ainda a vida que transfigura de tuas mãos nodosas... Essa chama de vida que transcende a própria vida... E que os anjos, um dia, chamarão de alma...”
Meu pai querido, quantas saudades!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Boa-noite, caro leitor. O assunto hoje é bastante polêmico e diz respeito a nossa liberdade de expressão, a tão falada democracia que dizem estarmos vivendo atualmente...










Quem dá aos “pobres” empresta a Deus


Realmente é algo questionador, apesar de muitos gritarem a altos brados que temos livre arbítrio, um poder de escolha sem igual e amplo direito de manifestarmos nosso ponto de vista. Depara-se com  uma grande controvérsia quando verificamos exatamente o oposto.
Pessoas inflamadas afirmam suas preferências de ideologia, filosofia e política atropelando opiniões contrárias e não sabem ouvir, manifestam-se indignados quando são contrariados em suas explanações, na maioria das vezes, unilaterais, caracterizadas por fanatismo político e manipulação da mídia.
O que se verifica é que há uma grande confusão entre liberdade e libertinagem, a deformação do caráter é realidade, e nos discursos mais recitados do cotidiano, ouvimos louvor à indolência em detrimento do trabalho, justificada quase sempre pelo baixo valor do salário recebido. Desta maneira, uma equipe inteira, com raríssimas exceções, cruza os braços e oferece um serviço medíocre que, a cada dia, dependendo da profissão, contribui para a ruína de personalidades e falência moral da nação. Neste caso, direitos adquiridos são desvalorizados, o errado prevalece sobre o certo, a falta de ética se sobrepõe à retidão de caráter, desenhando uma crise existencial nunca vista em outros tempos nem mesmo na época da tão criticada ditadura militar. Assim, documentos perdem a validade, o direito à propriedade não mais é reconhecido, classes sociais se rivalizam, pessoas são jogadas umas contra as outras, sempre em nome da bela democracia.
Vivemos hoje a democradura da pobreza: cultural, de espírito, da moral, do desrespeito social, violação dos direitos realmente humanos e não daqueles ditados por valores midiáticos. Falta  patriotismo, amor à Pátria; não aquela idolatração radical, doente que leva à guerra e a discórdia entre os povos, mas um respeito saudável ao lugar onde se nasce e vive, preservando a cidade natal, o país, seu hino, sua bandeira, como  identidade cultural. Muitos fizeram e fazem exatamente o antônimo e ficaram famosos por essas ações, como transgredir leis, ferir símbolos cívicos brasileiros, descendo ao mais baixo degrau  da vileza e sordidez que demonstra carência de sentimentos nobres...
E uma vez pobre, o ser humano é eternamente o pobre, sem a mínima chance de vencer a miséria em que vive; perpetuamente dependente de esmolas públicas que dilapidam a economia do país, violentam a classe que paga seus impostos e tributos e, que nessa cadeia desumana, sustenta toda esta “filantropia” às avessas, que não fornece cultura, educação de qualidade, formação para a real cidadania e respeito ao próximo.
Constatamos tristemente que é proibido possuir qualquer bem, mesmo que tenha sido adquirido com o esforço e a poupança sofrida durante os anos, sob pena de sermos ridicularizados e taxados de “burgueses”, exploradores das classes menos privilegiadas. Sob essa bandeira, o direito à propriedade é altamente condenado, prédios e imóveis são ridiculamente violentados pelo ato de invasão onde o próprio dono priva-se do  direito adquirido necessitando de procurar a justiça e pagar caro para obter sua reintegração de posse, a despeito de todo o pagamento regular dos tributos que envolviam seu imóvel.Mas que pouca vergonha é essa, que denominam socialismo? Isso é justo? O nome desse regime político deveria receber o nome de vandalismo, anarquismo em mais alto grau.
Invadem-se e destroem-se prédios públicos ou privados, moradias, espaços da cidade e até mesmo escolas sempre sob a mesma alegação: necessidade popular...Os estabelecimentos públicos são obrigados a fornecer tudo a seus alunos: livros, cadernos, lápis, borracha, uniforme, merenda entre outros, levando a população a viver displicentemente, usando seus salários para adquirir frivolidades; pais não necessitam mais preocupar-se com seus filhos, o estado tudo oferece...Nem mesmo de deixar um alimento pronto em casa, a mulher  pode cuidar... 
No atual momento, a indignação é total: “Por que razão não há merenda escolar para nossos filhos?
Entretanto,  a despeito de toda essa exigência que chega a paralisar o processo educativo, o que se vê são frutas e alimentos servidos transformados em objetos de guerra entre alunos que sujam os pátios e salas de aula das escolas, comprovando o fato de que não estão tão subnutridos como todos defendem. São livros mal cuidados, rasgados e pichados, que implicam  novas compras enriquecendo grandes empresas; lápis e borrachas despedaçados servindo de pugna entre alunos em sala de aula; cadernos desperdiçados, mal usados e entregues à mercê de pequenos vândalos que já preparam seu futuro na marginalidade, pois não há o devido respeito, o estímulo a transpor barreiras; não se valoriza o que é entregue de mão beijada!
Relembro-me agora de meu pobre pai; nunca  ajudado por alguém, com suas parcas economias para dedicar à educação dos filhos, no entanto, estudou a todos e ainda ofereceu acréscimo cultural de aulas de música para lapidar-lhes a alma, através do esforço pessoal e aumento de sua carga de trabalho.
A alimentação em minha casa nunca foi fornecida pelo Estado, mas entregue à dedicação materna, e assim perpetuei o que aprendi em minha infância, dentro do meu próprio lar: comida preparada mais cedo, sem a esmola pública e a dependência do dinheiro das instituições sociais. Uma mãe é exemplo para seus filhos... E olhem que não havia as famigeradas bolsas tudo e cestas básicas, e o leve isto e aquilo, belas campanhas marqueteiras que geram votos e submissão popular a seus benfeitores...
O sistema vigente deteriorou o pouco de caráter que ainda existia no ser humano, antes, havia ajuda social, entretanto, só em casos extremos e comprovados. Hoje a proliferação de auxílios e benefícios indistintamente, acaba com nosso sistema previdenciário, totalmente injusto e incoerente que desvaloriza aquele que contribui em detrimento daquele que não teve a mínima preocupação  neste sentido durante sua vida profissional.
 E onde estão os direitos daqueles que desejam estudar realmente, que sabem que educação de qualidade exige esforço e construção do conhecimento diário, não a obtenção injusta de um diploma sem valor como  vem sendo praticada ultimamente, cujo lema é oferecer apenas  os peixes, sem o cuidado de ensinar a pescar. 
E a grande maioria ainda têm a coragem de invejar aqueles que com dificuldade conseguiram construir um patrimônio, privando-se de muitas futilidades e sonhos de consumo numa tentativa de garantir uma velhice confortável. No final das contas, o cidadão consciente e trabalhador vê dilapidado tudo o que construiu, violentado em constantes furtos e assaltos, isso quando não perde a própria vida...
Poderia discorrer sobre esse assunto a noite toda, escrever um livro, uma tese de doutorado que ele não se extinguiria, dado à gravidade da situação e de toda a corrupção e intencionalidade que reside atrás destes atos políticos...


Tenho a certeza de que este texto gerará milhões de críticas e rotulação a seu autor quanto ao caráter desumano, incompreensão, nazismo, fascismo, alienação no teor da argumentação. Não me importo... Pelo menos num blog, um caderno um tanto solitário, pode-se desabafar de vez em quando, sem a pressão dos articulados, dos "verdadeiros" cidadãos, dos humanos e polidos, que a tudo sabem e a tudo criticam. Sua palma, sua alma. A hipocrisia, infelizmente, é mola que move o mundo...

segunda-feira, 25 de abril de 2016







HOMENAGEM PÓSTUMA








                                Richardson


Deve existir um Deus, não é possível, deve existir um. Que olhe por aqueles que não têm quem os ampare emocionalmente.
Para aqueles  abandonados pelos próprios filhos e companheira, (coisa cruel) mas que acontece com frequência. Os pobres coitados não sabem o mal que estão fazendo, não à pessoa relegada à própria sorte, mas a si mesmos, pois perdem sua referência, a origem da sua vida, do seu próprio nome...
"Deus, Deus, mas onde é que estás que não respondes, onde será que tu te escondes, ó Deus" que não toma uma providência com toda essa judiação?
Acredito que exista, algum Deus compadecido de um irmão abandonado pela  irmã... Embora esta marque presença todos os dias na Igreja fazendo milhares de orações e bajulações a estranhos, por pura hipocrisia, preparando um lugar no céu... Mas tu, Deus que tudo vê e assiste quieto e mudo no seu canto sabe, que preparam o céu, mas encontrarão o inferno. Criam um mundo fictício onde todos são seus irmãos, mas se esquecem de olhar, de ter compaixão dos próprios irmãos com quem um dia dividiram um teto, uma vida...
Deus, fique junto daqueles que em clínicas solitárias convivem todos os dias com a morte até chegarem a seu final... Final escuro, triste, sem a presença de um ombro amigo que aplaque a solidão...
O ser dito humano é a tal ponto desumano que não mais reconhece a força e o valor de um falecido pai ou mãe... Estes, só serão benvindos na hora da partilha de bens e na utilidade de um atestado de óbito para garantir uma semana de férias.
Deus, por que não te indignas, com tanta coisa errada? Parece até que não existes...
Hoje, o dia não está azul, um céu cinzento, nevoento, parece chorar também... 
Morreste hoje para uma vida miserável, meu querido primo. Hoje, felizmente,  pões uma pedra sobre uma existência sofrida, uma trajetória de vida que só trouxe dor e ingratidão. Sei que sua melhor companheira, a tão criticada e ébria companhia, foi quem sempre te amparou. Mas ainda assim, tenha a certeza: renasces para a vida eterna! Em um remanso verde, tranquilo, onde se espera, só haja felicidade e conforto. Será que espíritos realmente existem em uma outra dimensão? Será que eles te receberão pela mão? Se existem, verdadeiramente, como será a emoção do reencontro? Haverá lágrimas? Como será a sua expressão?
Perco-me nestas divagações enquanto relembro nosso tempo de infância e adolescência brincando e correndo felizes pelas nossas casas...
Mas, tudo tem seu tempo e com ele, a separação. Cada qual seguiu seu rumo e , agora, com que pesar recebo esta triste notícia da sua partida...
Não haveria problema, morreste ainda jovem na casa dos 60 e poucos anos, isso acontece com muitas pessoas, afinal, infelizmente,  somos mortais. O que me causa estranheza são as circunstâncias em que decorreram sua vida e sua morte: anônimo, sem contato algum com seus parentes, isolado (segundo informações  desencontradas) em uma clínica desconhecida... 
Mas por que o nome desse lugar não podia ser revelado, meu Deus? Me responda. Até prevejo, que por boa coisa não terá sido todo esse segredo, assim só vós, ó Deus pode saber tudo o que se passou.
A indignação tomou conta do meu espírito por não ter podido sequer te fazer uma visita, mas fica aqui um recado: tu serás recompensado, todo este sofrimento não será em vão, tenha plena certeza.
Ontem, hoje te fiz diversas orações, toquei ao piano, entre lágrimas, a linda Ave Maria de Gounoud que lembra sua pobre mãe que enquanto pôde te ofereceu a mão, mas com que desespero deixou esse mundo sabendo que  triste seria teu destino a partir de sua ida para o infinito.
E como é sublime o amor de mãe!... Somente os que perdem, sabem reconhecer o seu devido valor. Morre-se para um filho nascer e para que ele não morra! Para que não se perca por tristes e tortuosos desvios da estrada principal. Enquanto se tem a mãe, se tem vida plena. Depois disso, a vida é apenas um percurso sem graça que temos a obrigação de cumprir.
O que fica é a maravilhosa lembrança, porque a mente, enquanto sadia, é mágica e recompensante! Guardarei na memória toda a nossa linda e feliz estória encadernada a ouro e ilustrada com as mais belas imagens que dela fizeram parte. Descanse em paz na eternidade!


quarta-feira, 30 de março de 2016

Boa-noite, leitor. Volto aqui ao antigo debate sobre um setor importantíssimo da sociedade, mas que está jogado às traças, infelizmente. Falemos enquanto ainda se pode falar...





Educação: solução ou destruição do ser humano?


Às vezes me pergunto como e onde tudo isso começou. Obviamente este tipo de comportamento indesejável deve ter tido início desde longa data, foi se manifestando aos poucos, apoiado por uma legislação fraca e permissiva que trouxe paulatinamente a destruição e levou ao caos insuportável.
Refiro-me à Educação Brasileira que foi se revelando ao longo do tempo um antônimo do que se era esperado em relação ao caráter e a formação do ser humano moderno.
Se houvermos vista, talvez há muito, legislações como a 5692, foram moldando o sistema vigente, que preza pela impunidade e pela falta de caráter que se esboça hoje no indivíduo da mais tenra idade.Lembro-me nitidamente do seu surgimento, elevando o aluno ao centro da Educação, como se antes dessa malfadada lei ele não o fosse. Porém, a intenção implícita nos dizeres legais significava que a todo custo o aluno deveria ser destacado, até mesmo quando sua manifestação fosse nociva e contrária ao bem comum, fato que exigiria do professor entender as causas desse comportamento irregular e justificá-lo através de problemas pessoais que esse educando teria em seu background. Mas, jamais os preceitos legais anteriores menosprezaram o ser humano; não admitiam sim, o desrespeito, a indisciplina, a desordem justificada por problemas psicológicos: canso de perguntar a mim mesma: onde estes infinitos problemas se escondiam antes de tamanha abertura ao descaso e indiferença pelo estudo...Hoje, o que menos importa é aprender algo. O professor, antes de mais nada, é uma grande babá, palhaço, psicólogo, assistente social, além de inúmeras outras funções que tem que desempenhar para ganhar uma miséria a despeito de tanto trabalho. O aluno é respaldado e desculpado por todas as suas faltas e os legisladores se esquecem da grande lição de impunidade que passam indiretamente através de seus preceitos, criando futuros transgressores, desrespeitadores, irresponsáveis, que a despeito de tudo são coroados no final do ano com uma promoção... Em que outro setor da sociedade essas “qualidades” levam a uma promoção? Desconheço e, se você, leitor, porventura conhecer, me esclareça, por favor.
São crianças pérfidas, maldosas que não sabem se portar em situação alguma, não sabem ouvir, apenas falar a todo o momento, jogando no lixo todo o capital investido pelos pais e pelo estado na sua educação. Desta forma, constatamos alunos já adolescentes que não estão alfabetizados, pobres coitados que mal sabem ler e escrever as palavras mais simples do vernáculo ou efetuar um simples cálculo; sem cultura alguma, sem conhecimento básico, expressando-se com vocabulário chulo e de mau gosto. A despeito de tanto sacrifício, perdido em inumeráveis projetos desenvolvidos pelas escolas e aliados de outras instituições parceiras, o problema nunca é solucionado e, por toda a parte encontramos pais desesperados, professores doentes e cansados da profissão, a sociedade apodrecida pela proliferação do mau-caratismo, desvios de comportamento, falta de cidadania, violência e desrespeito ao meio ambiente. Os poucos que conseguem sucesso obtêm uma fraca formação, prejudicados pelas classes heterogêneas em que se subeducam, onde se perde a maior parte do tempo em tentar recuperar o irrecuperável, o irremediável, aqueles que apesar da mediocridade e displicência são realmente os “reis do pedaço” desperdiçando o material humano de melhor qualidade e que, atualmente, apresenta um fraco desenvolvimento, pois se vê obrigado a frequentar um curso superior de baixa qualidade, uma vez que não recebeu a bagagem necessária do ensino básico que apenas cuidou e não resolveu os problemas insolúveis dos problemáticos e desinteressados. Falo com propriedade, afinal são quase trinta anos de cátedra na Educação e a triste constatação da decadência e naufrágio desse setor tão importante da nossa sociedade. Os professores, hoje, desprestigiados e desrespeitados não recebem boa formação, uma boa desculpa para que não sejam remunerados dignamente, apesar de várias promessas abstratas, não são capazes sequer de bancar o aluguel e as despesas de sua casa adequadamente, perdendo-se em consignados e empréstimos pessoais.
Quando vemos as estatísticas de crimes, violência e drogas o ideal não seria analisá-las, e sim o sistema educacional dos países, uma vez que a criança e o adolescente passam grande parte de sua vida nessas instituições sem estrutura onde, em muitas delas, proliferam tráfico de drogas, pedofilia e prostituição.

Muitos hipócritas poderão achar exagero, entretanto é a mais pura realidade que se não for cuidada com urgência levará o homem ao retorno do período paleolítico, o mais animal possível, acéfalo  e irracional.