domingo, 5 de novembro de 2017

Palavras ao vento...

Li em um comentário do facebook, (não me recordo de quem) que se dizia muito entristecida pelo roubo de vasos cerâmicos e cruzes do túmulo de seu pai no cemitério da sua pequena cidade. Logo abaixo, em outro comentário, houve a afirmação de que em qualquer campo-santo, por menor que seja, as campas estão sendo violadas e seus acessórios furtados. Que coisa mais feia e acintosa. O texto de hoje é sobre esse assunto.



PALAVRAS AO VENTO


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Muitas vezes me questiono como as coisas chegaram ao ponto em que estão. Revendo as provas de português do Enem 2016, li uma questão, cujo texto exaltava fatos inacreditáveis que aconteciam em épocas mais felizes, como: entregas de pão, leite e jornal na porta de residências sem que ninguém mexesse com eles. O autor da matéria do jornal, cujo nome não me recordo agora no momento, usava e abusava da expressão “Você pode não acreditar” com o intuito de sensibilizar o leitor para que colocasse sentido na formação moral do cidadão de outros tempos.
O que havia antes e que se perdeu hoje?
Muitos responsabilizarão a pobreza, a escassez de recursos, problemas sociais como os vilões responsáveis, porém, isto não é verdade.
Pobreza sempre existiu, talvez até de forma mais séria que a atual, entretanto, não havia um estado que fornecia ajuda como hoje em dia. As inúmeras bolsas tudo, os auxílios infinitos que não cabe aqui enumerar, uma vez que são do conhecimento de todos, são realidade. Em muitos casos, fazem com que se banalizem e não sejam valorizados. São fornecidos indistintamente, oneram os cofres públicos, e levam à destruição do espírito de luta para obtê-los.
Os que discordam, certamente não são da minha geração, onde havia pudor, vergonha e hombridade para recusar ajuda. Passava-se necessidade, contudo, nada se pedia, conseguia-se através de luta e trabalho.
Ao contrário, nessa geração, os produtos em grande parte ou são doados ou furtados. Nada se respeita: templos religiosos, cemitérios, hospitais, estabelecimentos públicos, hotéis, escolas, residências. Pessoas perdem a vida que já está banalizada por motivos supérfluos, insignificantes. Há como que uma insanidade que se instalou como doença crônica na mente de cidadãos, (se é que podem ser chamados assim) desprovidos de caráter e respeito ao próximo.
Uma das causas primeiras desta deterioração é a educação dispensada às crianças nos nossos dias: a destruição da família e a chamada da mulher ao mercado de trabalho foram responsáveis pela formação de um caráter duvidoso, frouxo e sem valores dignos, não há ensinamentos e atenção para as crianças, pobres seres relegados a um terceiro plano, lembrando que o caráter se forma até os sete anos de idade. Os estabelecimentos públicos, por sua vez, verdadeiros depósitos de infantes, fornecem apenas o básico, dado a superlotação, carência de funcionários de formação inapropriada. Podemos considerar que do Ensino Infantil ao Ensino Médio a situação é a mesma, a constante rotatividade de funcionários é outro fator negativo a esta educação.
O material didático oferecido já não se revela como bom orientador, não ajuda a formar valores necessários à vida, favorece apenas a uma política de conveniência e subserviência; são livros e livros caríssimos, cheios de textos e exercícios, todavia, vazios de conteúdo, do que realmente deveriam conter... É óbvio que todos são ofertados gratuitamente nas escolas públicas, servindo de material de destruição ou de abandono pelos alunos e até por professores que não veem utilidade naquele amontoado de páginas irrelevantes que nunca são terminados...
Muitas editoras já criticaram a antiga tendência das fábulas de outros tempos, onde havia lições de moral no final de cada uma delas, alertando para a ambição, a cobiça, a falta de amizade entre outros, alegando que o ser humano deve construir suas próprias conclusões... Mas como? Crianças abandonadas às ruas, aos faróis, às creches, terão essa possibilidade?
Outro grave problema diz respeito aos entretenimentos, a literatura, os filmes e a programação de TV oferecida atualmente: nada de bom apresenta, são programas pouco apropriados para idade, não há controle dos pais sobre essa matéria, pois não têm tempo para isso...
Literatura, um verdadeiro capitalismo cultural, de procedência na maioria de outras nações, temas fúteis, massivos e robotizados...
Filmes e jogos de videogames violentos, discordantes da cultura nacional, induzindo à valorização de produtos e costumes internacionais. As maiores estratégias de roubo e crimes estão estampadas nestes tipos de arte...
As religiões...Nunca houve tantas e por todos os lugares, entretanto, tornaram-se em grande parte meio de lucro através da arrecadação de dízimos ou de venda de produtos, deixando a segundo plano  a formação espiritual do ser humano.
E, poderia enumerar mais de mil razões que causaram esse câncer do maucaratismo, da falta de ética, desumanidade, insensibilidade e desamor...

Mas seria inútil, palavras ao vento...