domingo, 18 de fevereiro de 2018

A saudade me obriga a escrever nestas páginas solitárias, que tenho visitado com pouca frequência... 



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Sempre elas me visitam ultimamente. As lembranças surgem muitas vezes do nada. Passagens, folhas avulsas registradas no fundo da memória saltam espontaneamente e me fazem voltar no tempo.
Hoje, por exemplo, encontrei-me a visitar grupos de amigos das escolas em que estudei na minha adolescência e com júbilo e um aperto no coração, vejo expostas as fotos de muitas amigas e amigos: cabelos pintados pelo branco do tempo, faces amadurecidas e marcadas pela vivência através dos anos.
Revejo rostos amigos de professores antigos, ainda lutando pela vida, desafiando o presente... Muitos já se foram, e com que tristeza releio estas páginas informatizadas e frias, mas que apesar da imaterialidade, nos aproximam de forma fantástica, encurtando distâncias, formando um elo de convivência que deixa a oportunidade de comunicação, apenas de palavras e fotos virtuais.
Araçatuba, a minha cidade natal, para mim é apenas uma rósea lembrança que jamais voltará a ser o que foi, numa época singular. Mesmo que visite os mesmos locais pelos quais passei, eles nunca serão iguais. Faltam as pessoas, a caracterização no tempo, o momento histórico, a fantasia e romantismo que inebriavam as doces páginas da adolescência enchendo a vida de entusiasmo e prazer.
Ali, naquela rua, era a casa onde passei parte da minha infância e pré-adolescência. Lá, nada mais é semelhante, a rua movimentada, ruidosa nada lembra aquele silêncio que possibilitava ouvir o canto suave dos pássaros. Quase todas as residências foram reformadas. Próximo da esquina, um prédio! Coisa que não existia por ali! Porém, a minha casa, a do 913, ainda sobrevive, milagrosamente resiste ao tempo, as paredes, janelas e portas trocaram de cor, talvez até mais bonitas, entretanto quase não me dizem nada! Onde está o velho chapeleiro de madeira do alpendre? A santinha em seu nicho ao alto? Tenho vontade de chorar ante essas reminiscências tão caras para mim... E no quintal imenso, já não há as velhas árvores frutíferas de dantes. muitas outras casas foram construídas nos fundos, em seu lugar.
Do velho clube que frequentei só ficaram as ruínas: um pedaço da portaria aqui, uma parede do restaurante acolá, restos de pisos cerâmicos da pista de dança mais adiante...
Onde está a velha fonte luminosa da praça central? Foi trocada por outra... E o velho cinema lotado nas noites domingueiras, que servia para o lazer e encontro de amigos, namoradinhos da juventude? Também desapareceu para dar lugar a uma grande rede de loja de eletrodomésticos.
Nas páginas dos facebooks procuro por amigos antigos, encontro muitos deles, será que eles também me buscam? Lembrar-se-ão de mim ou será que apenas eu sinto esse imenso desejo de reencontro?
Quando observo as fotos atuais daqueles com quem convivi, percebo que nada mais existe do que existiu no passado; cada qual seguiu seu rumo, seu caminho; construiu sua história de maneira diversa daquela a qual compartilhávamos no passado...
Temo por aqueles cujos nomes não encontro, estarão ainda vivos? 
A fugacidade da vida é cruel, nada é para sempre, tudo passa, infelizmente...
Vejo nos grupos de internet dos antigos amigos que há planos para reencontro, alguém sempre se esforça para juntar o que se perdeu, unir o que se partiu, recebo com esperança a chegada desse dia, contudo, sei que quando isso acontecer não será como dantes, seremos totalmente estranhos que se reúnem, sem os mesmos propósitos e ideologias, pois fomos transformados pela distância e ausência da convivência diária.
Alguém já me disse: "Feliz daquele que nunca sai de sua terra natal e que nunca perde os elos da sua infância e juventude, que constrói sua vida sempre na mesma cidade, pois aquele que se vai é eternamente um desgraçado; não se adapta mais às antigas origens e nem se satisfaz totalmente no novo lugar que adotou para viver."
Sei que daqui por diante,  as memórias serão cada vez mais numerosas, as lembranças aumentam na mesma proporção em que os anos avançam em nosso velocímetro do tempo. 
Mas, se recordar é viver, isso nos torna para sempre vivos..


3 comentários:

  1. Gostei muito e também sinto isso. Sai de Araçatuba em 2016, mas Araçatuba ficou dentro de mim. Parabéns e benvinda ao grupo.

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  2. É incrível, mesmo. A gente se distancia, pouco a pouco vai perdendo nossas raízes e elos de convivência, e quando vemos, aconteceu isso com todo mundo que se mudou de sua cidade natal...A força das circunstâncias nos obrigam a isso, não fomos nós que escolhemos.

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